As variações do preconceito.

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Um exemplo de que uma criança é muito parva e um adolescente ainda mais. Cresci a ver e ouvir António Variações. Era diferente. Esquisito. Bizarro. Não percebia a música e ainda por cima foi uma das primeiras figuras públicas portuguesas a morrer de Sida, exatamente na altura da introdução da doença no nosso léxico. Tinha 9 anos. O desconhecimento empurrava a Sida para uma doença tão contagiosa que se podia apanhar no autocarro entre outras demências. Quem tinha Sida não era um doente com uma doença, era um nojento. Como podia eu gostar de António Variações?

O que vale é que a criança cresce, e para maior felicidade minha, o adolescente também. De tal forma, que passados quase 30 anos da sua morte pergunto-me como foi possível a um talento destes, em apenas seis anos e dois álbuns, deixar o legado gigante, genial, extraordinário que o António Variações deixou?

Mas o que mais me perturba é que a música dele está tão entranhada em mim que só posso concluir que não gosto de António Variações apenas e desde que sou adulto. Desconfio muito que gosto de António Variações desde criança. Isolo assim a porcaria do preconceito que não me fez gozar plenamente o António Variações. Maldito sejas.

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Bond, James Bond

A minha vida são marcas. E grande parte da minha vida foram filmes do James Bond, personagem que considero como uma espécie de pai. Quem não gostaria de ter um James Bond como pai em vez do velho amassado que nos mandam todos os dias para casa depois de um dia de trabalho?

A grande questão, por pura leviandade minha, é que nunca juntei os dois mundos. Pelo menos com grande seriedade. Não quer dizer que esteja a ser sério agora, mas até posso estar a ser sem ninguém dar por isso quando digo que o James Bond é uma super marca. Lá em cima com Apple e a Google.

Mas repare-se no que separa estas três grandes marcas. A Apple resume-se ser uma espécie de “Q Branch”. Inventa gadgets. A Apple democratizou e compilou num só gadget todo o “Q branch”. Por sua vez, a Google incorpora em espírito todos os serviços secretos britânicos. Aliás arriscaria a dizer que a Google sabe tanto ou mais que os serviços secretos ingleses.

No entanto, a quem é que recorrem quando precisam de saber uma coisa que mais ninguém sabe?

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http://grooveshark.com/s/Fillet+Of+Soul+New+Orleans+Live+And+Let+Die+Filet+Of+Soul+Harlem/4SJ2ut?src=5

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Este circo nunca vem à minha cidade.

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Skipit

O Youtube foi uma das melhores coisas que inventaram. Uma espécie de pastiche de outra grande invenção, a televisão.

Depois veio a publicidade. E depois veio o zapping. 

Agora temos o pre roll no Youtube e a opção de Skip it.

É tudo mais do mesmo.

 

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Leonel, o maior garanhão do mundo e arredores, incluindo Marte e claro Vénus.

King of Hearts

 

O Leonel é o maior garanhão do mundo.
Porém, ainda é virgem.
As raparigas ignoram a sua existência, mesmo sabendo que nada podem vir a fazer para demover os seus intentos.
O Leonel é capaz de seduzir uma rapariga sem estar presente. Basta que se fale dele. Às vezes, basta pensar nele.
O maior garanhão do mundo é capaz de fazer amor com uma mulher sem sequer lhe tocar. O seu olhar é mortífero e já conquistou homens, mulheres, crianças e o Maurício dos Cachorros.
O Leonel é um perigo para ele próprio se estiver em frente a um espelho.
O mundo é um lugar mais seguro quando usa uma venda. Infelizmente, não sabe onde a deixou e tem sido um tormento.
A Proteção Civil lançou o alerta vermelho, mas mesmo assim os números não enganam. Nas últimas 24 horas, as traições e divórcios subiram em flecha.
O Leonel sabe disso, e em consciência abdicou de usar after shave. Até deixou de fazer a barba. Também não corta as unhas, mas isso é porque elas têm consciência própria.
O Leonel sabe que quando não usa perfume o seu poder de atração diminui 0,00000000000000001%. Por isso, usa este truque sempre que tem de ir à rua comprar cigarros.
O Leonel não é parvo ao ponto de se fazer passar por gay como medida preventiva. O Leonel sabe que é pior pois aumentaria exponencialmente o leque de potenciais amantes.
O Maior Garanhão do mundo não tira a cera dos ouvidos. Assim poupa-se a ouvir o que têm a dizer, que normalmente é elogioso.
Mas ele não se preocupa com isso e regularmente o ouvimos a proclamar: mas em que medida é que o que acabas de dizer me vai levar para a cama contigo?
O Leonel continua virgem, mas é o maior garanhão do mundo. Tem um pónei eléctrico e um rolo de pintar e diz que uma mulher não precisa de mais para ser feliz.
Por isso, abdicou do telemóvel. Quem quiser falar com o Garanhão, tem que fazer amor com ele.
Mesmo assim, ninguém apareceu.
Leonel começava a ficar preocupado. Se era o maior garanhão do mundo, pelo menos deveria entrar no Lux de graça. Mas nem isso.
Um suor frio escorregou pelo nariz até ao pulso, que por reflexo bateu violentamente na testa. E acordou.
Era um pesadelo.
Estava numa cama, rodeado de mulheres lindas. No ar passava um avião com a mensagem: Leonel és o maior garanhão do mundo. Isto, ao som de uma música cantada em inglês: Le-óóóí-nélllllllll the greatttt-essssttttt stud in the wóoooorrrrrlddddddd.
Estava tudo bem.
Se as lindas mulheres não fossem bonecas insufláveis, melhor ainda.

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